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O que é uma urostomia? Para que serve? Que adaptações a pessoa que tem uma urostomia precisa fazer em sua vida? Se quer conhecer mais sobre esse procedimento, que salva milhares de vidas todos os anos, confira o material que preparamos para você.

Seja por conta de um acidente, uma má formação congênita ou mesmo um tumor, a urostomia é um procedimento cirúrgico que comunica o sistema urinário com o exterior. Tal comunicação é feita por meio de um orifício (o estoma), através da parede abdominal.

O sistema urinário

Os rins, órgãos pequenos (pouco mais de 10 cm) em forma de feijão, situam-se na região posterior do abdome, logo abaixo das costelas, um de cada lado da coluna vertebral. São eles os responsáveis por filtrar o nosso sangue e garantir o equilíbrio da água, da acidez, dos eletrólitos e dos minerais em nosso corpo.

Além disso, têm uma importante função na eliminação dos restos do metabolismo de proteínas. A eliminação desses resíduos se dá por meio da formação contínua de urina, a partir da diluição desses restos metabólicos em água.

A urina que os rins produzem é levada à bexiga pelos ureteres. A bexiga tem a capacidade de armazenar a urina até o limite de sua capacidade ou até o momento em que seja apropriado urinar. Esta capacidade se deve a um músculo especial que a bexiga tem, chamado esfíncter. Assim, quando a bexiga esvazia, o músculo esfíncter relaxa e permite que a urina flua para o exterior por meio da uretra

Indicações para a realização de urostomia

Com maior frequência, a urostomia será indicada em função de problemas na bexiga, tais como tumores, que são a causa mais comum. Além deles, outras indicações podem ser:  problemas neurológicos, defeitos congênitos (de nascimento) ou mesmo situações de inflamação crônica da bexiga.

Igualmente, algumas pessoas com quadros de incontinência urinária de difícil controle têm sido submetidas ao procedimento de urostomia. Esses pacientes, segundo se acredita, consideram mais fácil lidar com a ostomia do que com a incontinência.

Eventualmente, crianças podem nascer com má formações no sistema urinário, normalmente associados ao refluxo da urina de volta para os rins, o que causa infecções urinárias repetidas e, com o passar do tempo, danos aos rins, que podem até deixar de funcionar. Para esses pequenos pacientes, a urostomia é um procedimento que salva vidas, garantindo o bom funcionamento do rim.

Os tipos de urostomia

Cada pessoa, assim como cada indicação médica, terá um tipo mais apropriado de urostomia. A técnica será definida pelo cirurgião, levando em conta as particularidades de cada caso. Por exemplo, no caso das colostomias, as urostomiastambém podem ser permanentes ou temporárias, conforme a indicação médica do procedimento.

O vídeo produzido pela UOAA está em inglês. A demonstração do vídeo é clara e mesmo em outra língua ajudará na sua compreensão de como é realizada a cirurgia.

Conduto ileal

Em geral, o mais comum é o procedimento do tipo **“conduto ileal”**ou Cirurgia de Bricker. Esse procedimento é feito a partir da remoção de uma pequena parte do íleo (intestino delgado), que servirá como um pequeno reservatório, um canal, para o escoamento da urina para o exterior.

O cirurgião fecha uma das extremidades do canal, introduz nele os ureteres e leva a outra extremidade, que ficou aberta, para o exterior, através da parede abdominal. A abertura desse novo canal na parede abdominal é o estoma.

Conduto de cólon

Uma outra alternativa é procedimento do tipo “conduto do cólon”. Trata-se da mesma técnica descrita acima, com a diferença de que o canal, desta vez, não é feito com o intestino delgado, mas com o cólon (intestino grosso).

Ah! É importante dizer: não se preocupe. A retirada de pequenos trechos do intestino delgado ou mesmo do cólon para a construção dos condutos não prejudica em nada a função intestinal da pessoa. Afinal, temos mais de 6m de intestino delgado e 1,5m de cólon, aproximadamente.

Em função do pequeno tamanho do reservatório, a urostomia não permite o armazenamento da urina. Assim, a urina reflui pelo estoma para o exterior o tempo todo. Por isso, é necessário acoplar ao estoma uma bolsa, que deverá coletar a urina produzida pelo corpo.

Ureterostomia

Mais raramente, a opção do médico pode ser a implantação de uma ureterostomia, isto é, o próprio ureter é conectado à parede abdominal, formando um estoma. Isso pode ser feito com a exteriorização de um ou de ambos os ureteres. Normalmente a indicação dessa técnica é feita apenas no caso de bebês prematuros. Isso porque o estoma formado a partir do ureter está frequentemente associado a complicações, como estenoses (quando o estoma se torna mais estreito, a ponto de obstruir).

Em resumo

A urostomia é um procedimento que provoca inúmeras mudanças no funcionamento do organismo mas, após um período de adaptação, é possível levar uma vida completa e feliz, retomando os hábitos e atividades praticados antes da cirurgia.

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A Irrigação da colostomia é uma técnica relativamente pouco conhecida, apesar de não ser nova. Consiste em infundir um volume de água morna através do estoma, para provocar o cólon a uma resposta, na forma de eliminação de fezes. Funciona de forma semelhante ao enema (a chamada “lavagem intestinal”). Serve para “treinar” o cólon para a continência fecal, isto é, dar ao indivíduo o controle sobre o momento da eliminação das fezes.

Nem todos os ostomizados podem ser submetidos à irrigação. Apenas as pessoas que têm colostomia descendente ou sigmoide. Preferencialmente aquelas que tinham um hábito intestinal regular (evacuavam a intervalos regulares) antes da cirurgia.

O primeiro passo para decidir tentar a técnica de irrigação é conversar a respeito com o seu médico. Ele poderá orientar você sobre todas as vantagens e dificuldades do procedimento, tirar todas as suas dúvidas e indicar a você um enfermeiro estomaterapeuta com experiência na irrigação. Esse profissional é de fundamental importância para ensinar a você corretamente o passo a passo do procedimento.

Equipamentos

Os equipamentos necessários para a irrigação são:

  • bolsa de irrigação com marcação de volume e equipo com regulador de fluxo (algumas delas vêm com termômetro integrado, para controle da temperatura da água);
  • cone flexível que será inserido no estoma e;
  • manga de irrigação que recobre o estoma, tem uma abertura para manipulação do mesmo numa extremidade e a outra na extremidade oposta, que será colocada dentro do vaso sanitário.

Como realizar a irrigação da colostomia?

É importante fixar um horário para realizar o procedimento todos os dias. Isso ajudará no treinamento do cólon para assegurar a continência das fezes. O procedimento todo deverá durar em torno de uma hora. É importante ter o banheiro só para você nesse tempo.

Vídeo

Confira como é o procedimento de irrigação da colostomia:

Vídeo: Coloplast US

Criando uma rotina para a irrigação da colostomia

No início, você deverá repetir esse procedimento todos os dias, sempre no mesmo horário. É possível ir aumentando o intervalo entre as sessões de irrigação. Há quem consiga irrigar a cada 48 horas, sem nenhuma eliminação involuntária nos intervalos. Há relatos de quem consiga permanecer sem irrigar por três dias sem incidentes!

Nos intervalos entre as sessões de irrigação, tão logo você esteja treinado na técnica e tenha adquirido a confiança necessária, poderá dispensar a bolsa de ostomia. Uma pequena capa de estoma mantém o estoma fechado, garantindo higiene, conforto e discrição.

Mas atenção!

Não tente se auto aplicar a irrigação sem antes ter conversado com o seu médico e recebido as orientações necessárias do enfermeiro estomaterapeuta.

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Aprender a abraçar uma vida com uma ostomia é, sem dúvida, um desafio que requer paciência, resiliência, senso de humor e uma visão otimista do mundo. No entanto, este caminho não é muito diferente das grandes mudanças que todos nós enfrentamos em nossas vidas, como mudanças de carreira, de endereço, casamentos e a chegada de filhos. A chave está em perceber que, assim como com qualquer outra transição, a adaptação leva tempo. Lembre-se, você tem dentro de si a força necessária para florescer nessa nova fase.

Enquanto você se ajusta a essa nova realidade, saiba que sua vida pode ser tão rica e gratificante quanto era antes da cirurgia. As atividades que você ama, seja voltar ao trabalho, estudar, ter uma vida social ativa ou explorar o mundo, ainda estão à sua disposição. Cinema, jantares em restaurantes, viagens – tudo isso continua a ser parte do seu horizonte, esperando por você. Seu comprometimento com a felicidade e o bem-estar deve continuar inabalável.

Compartilhando sua História de Superacão com a ostomia

É natural que você se pergunte como compartilhar sua jornada com a ostomia com os outros. No entanto, não há motivo para preocupações. A verdade é que você pode escolher quanto deseja compartilhar – desde ter passado por uma cirurgia abdominal até ter partes do intestino retiradas. Quando se trata dos seus filhos, a honestidade direta é a melhor política. A abertura pode servir como um exemplo valioso, criando indivíduos que abraçam a diversidade e evitam preconceitos. Além disso, ao discutir questões como convivência familiar, vida sexual e aceitação com seu parceiro, você está fortalecendo ainda mais os alicerces do seu relacionamento.

Inicialmente, você pode sentir que todos os olhares estão voltados para a bolsa de ostomia sob suas roupas. Lembre-se, essa sensação é apenas uma percepção. No Brasil, há entre 150 mil e 250 mil pessoas que passam pela mesma experiência – um lembrete poderoso de que você não está sozinho nessa jornada. Às vezes, você pode se deparar com inchaços causados por gases, mas uma breve visita ao banheiro resolve isso. E se a sua ostomia se tornar ativa após uma refeição, qual é o problema? Quantas pessoas não sentem a necessidade de ir ao banheiro após comer?

Redefinindo sua Realidade com Otimismo

O processo de adaptação é uma oportunidade de redefinir a sua realidade e priorizar o seu bem-estar emocional e físico. Você está construindo uma nova versão de si mesmo, uma que é fortalecida pela resiliência e determinação. Cada passo que você dá em direção a aceitar e viver plenamente com a sua ostomia é um triunfo. A paciência que você demonstra, a coragem que você exibe e a positividade que você cultiva são alicerces sólidos para uma vida plena e realizada.

Então, lembre-se que você é um exemplo vivo de superação. Sua jornada com a ostomia é um testemunho inspirador de como a força interior pode vencer qualquer desafio. Continue a abraçar a vida com paixão, buscando as alegrias que estão ao seu alcance. Você não está simplesmente vivendo com uma ostomia – você está prosperando com ela. Sua jornada é uma inspiração para todos nós, lembrando-nos que a vida é uma aventura a ser abraçada, independentemente das curvas que encontramos no caminho.

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